A palavra que não santifico, com humildade, quer me santificar. Despreparado e pretensioso, escrevo descaminhos, sem consolos e chegadas.
Guiado pelo umbigo cego, flagelo as inocentes palavras. Estas, caladas e maltratadas, mergulham machucadas no Rio. Como canoa de ida, riscam as águas que não voltam.
Na margem do Rio, contemplo o mundo partindo. Cabisbaixo, me retiro campo afora. Me embrenho entre tiriricas fechadas e cortantes, que flagelam minhas pernas ensanguentadas de vergonha.
Amado pelas palavras, tento me recompor. Matutando, peregrino pela trilha das vacas, que me levam ao curral. Cansado, repouso no manjedoura, ruminando e suspirando minha vida muda.
Amarradas nos cochos, de panças cheias, sem carecer de palavras, as vacas sem andar, cagam pra mim. Com humildade e autoridade, as palavras chegam e vão sem paradeiro. Entram na canoa e viajam nas águas caladas e misteriosas do Rio andarilho.