Menino do interior e cansado de andar pelas ruas calorentas de Cachoeiro, fui até a estação ferroviária, montei no “Trenzinho do Caipira” e viajei com Heitor Villa-Lobos.
Desassossegado, levantei do banco, fui até a janela e coloquei a cabeça pro lado de fora do vagão. Contemplei a paisagem, deixando a contente vida companheira girar como uma ciranda feliz em torno de mim.
Embalado e sorridente, o vento veloz passava por mim feito menino ligeiro, ao lado dos meus sentimentos moleques e companheiros. Da cabine, o maquinista tirou o boné, olhou para trás, acenou simpático para mim e com alegria, soou o alegre apito do trem.
Vigilante, freou a cancioneira Maria Fumaça, esperando um cavaleiro sem pressa atravessar a sua boiada preguiçosa por cima das linhas do trem. Atento, da janela, aboiei, ajudando a travessia do gado.
O peão de chapéu, montado num belo tordilho, inclinou a cabeça e agradeceu a ajuda boiadeira. Uma vaca educada olhou, viu um menino matuto e mesmo sem me conhecer, berrou despedida. Acenei com a mão chifruda e me despedi.
Sensível, olhei para o céu agradecido e com a intimidade de companheiros, retribuí sorrindo os carinhos de Deus.