No dia 29 de junho, menino de mãos dadas, saímos da Catedral e passeei com São Pedro por Cachoeiro. Rindo e contentes, apesar do barulho chato das suas chaves, proseamos pela cidade. Mais calmo e suave no inverno, nosso particular sol cachoeirense, nos fez companhia. Felizes e aquecidos, subimos e descemos ladeiras pelos bairros.
– Você aguenta andar, Marcelinho? Vamos até o bairro Rubem Braga? – perguntou São Pedro.
– Sou andarilho – respondi.
Ele, sempre impetuoso, deu um passo à frente. Destemidos e de mãos dadas, seguimos.
– Onde você nasceu? – indaguei.
– Em Cachoeiro de Itapemirim – respondeu.
– Anh, bem. Melhor assim. Fofoqueiros falaram que você é estrangeiro e pescador. Fiquei triste quando escutei isso.
– Liga não, Marcelinho. É só fofoca. Mas gosto de pescaria sim. Hoje mesmo, feliz, nesse passeio, vim pescar você.
– Desculpa falar isso, São Pedro. Guarda a sua rede. Não precisa – constrangido, falei.
– Como assim não precisa, menino? – perguntou, indignado.
– Por favor, abaixa aqui, São Pedro. Vou falar baixinho no seu ouvido que é para ninguém escutar. Sou peixe da sua rede. Eu sou de Cachoeiro.