Ontem, assistindo a um telejornal, fui surpreendido com a notícia do aniversário de dez anos do sete a um, fato esse que por si só não mereceria ser lembrado, dada a vergonha e raiva que passamos naquela goleada que sofremos da Alemanha.
Disse que me surpreendi por dois motivos: primeiro, porque não via nada, absolutamente nada a ser comemorado. E segundo porque só o brasileiro tem essa mania de fazer notícia com a desgraça própria. Já não bastou o desgosto e o sofrimento de dois mil e catorze?
Quase mandei de volta minha filha, que veio do Sul me visitar. Da Safra, onde saltou do ônibus, até aqui em casa, o Brasil levou quatro gols daquela alemãozada. Como não tinha em quem descontar, reclamei que ela ficou tanto tempo longe, juntando aquele monte de gols, para depois trazer pra casa.
Voltando ao noticiário de ontem, acabei resignando-me. As notícias que ouvi a seguir não eram melhores que o sete a um: o Brasil eliminado da Copa América, aumento na gasolina, dólar subindo, problemas políticos aqui e lá fora, conflitos armados e desarmados por todo o planeta, página policial repleta de casos escabrosos e a política local num salve-se quem puder.
Pautas como saúde, educação e segurança pública parece que só ouvimos falar no período eleitoral, onde cada um tem uma receita mágica, melhor que as da Ana Maria Braga, para resolver tudo.
Desisto. Melhor mesmo é tomar o remédio milagroso feito de mel e extrato de própolis que a sogra mandou e jura que, abaixo de Deus, é o que vai curar a minha gripe e me fazer levantar da cama, pra acabar com essa inhaca.
Espero que o palpite da sogra não seja outro sete a um. Se for, que seja contra a gripe.