Num debate marcado por agressões verbais e destempero dos candidatos, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) foram o alvo preferido dos demais adversários, que não pouparam críticas e agressões verbais para descredenciá-los na disputa eleitoral. Mas quem chamou mais atenção foi o Padre Kelmon (PTB), que mostrou desenvoltura ao ser inquirido pela candidata Soraya Thronicke (UB) e mesmo pelo ex-presidente Lula. Ambos foram tomados de surpresa pela língua afiada do Padre.
Ainda na primeira parte do debate, Lula e o Padre Kelmon trocaram acusações de forma tão intensa que o apresentador da emissora, Willian Bonner, precisou interromper o programa duas vezes para que ambos se acalmassem. Tido como candidato inexpressivo, o Padre, sempre evocando citações religiosas, tanto se defendeu como atacou de forma viril seus oponentes.
A candidata Soraya, visivelmente despreparada para o debate, também foi desqualificada por Bolsonaro, que expôs ao público os pedidos de cargos no Governo Federal feitos por ela ao presidente. Pega no contrapé, tanto pelo presidente quanto pelo Padre, que pareciam jogar no mesmo time, Soraya sucumbiu e tampouco soube explicar a proposta do imposto único, sua principal bandeira de campanha.
Lula e Bolsonaro também trocaram acusações e xingamentos, como já era previsto, numa batalha verbal sem vencido ou vencedor. As acusações de corrupção relativas à Lava Jato foram revividas pelo atual presidente contra seu principal adversário, enquanto o dito orçamento secreto e a forma como fez a condução da pandemia deram a tônica dos ataques a Bolsonaro desferidos pelo petista.
Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) também tiveram um desempenho ruim, com Ciro mostrando ainda ressentimento pelo assédio do PT aos seus eleitores. Lula foi o alvo preferido de Ciro, enquanto Simone preferiu atacar mais Bolsonaro e passar uma imagem de “mãezona” da nação, porém sem profundidade nos argumentos. Mesmo assim, ao demonstrar coragem e ter boa oratória, a candidata do MDB deve ter agradado parte do eleitorado, especialmente o feminino.
Felipe d’Ávila (Novo) foi o único que realmente apresentou propostas e demonstrou algum conhecimento de causa, destoando dos demais. Na lanterna das pesquisas de opinião entre os candidatos presentes ao debate, pode ter tirado proveito do “espetáculo” para elevar seus índices de intenção de voto.