Mandei essa carta ao meu editor, com cópia para o Marco Aurélio.
Caros amigos,
Ando meio ressabiado com essa nova variante da praga, a tal de Ômicron. Parece nome de androide, planeta, galáxia, sei lá, de algo que está distante da gente. Se minha avó fosse viva, diria que é coisa dos russos, para invadir o Brasil. Só que não. A variante está aí enchendo as enfermarias e hospitais, país e mundo afora.
Outro dia, conversando com o superintendente estadual de Saúde, José Maria, o Justo, fiquei sabendo que o Estado está se preparando para um aumento significativo dos casos na nossa região. A praga está se espalhando, começando pela Grande Vitória. Se tivesse iniciado por aqui, seria segredo de Estado. Nossa capital é secreta.
Ontem, fui tomar a terceira dose (da vacina, animal). Dessa vez, deram da Pfizer. A primeira foi aquela inglesa, de Oxford. Deve ter sido pelo meu sangue azul, herdado do Barão de Araruta, que, como sabemos, era um bom filho da luta. Estava lotado de gente no postinho do Valão aguardando atendimento. A maioria com nariz escorrendo. A criançada cheia de meleca. Para tomar dose de reforço, só eu e mais três. E demorou.
Ainda da conversa com Justo, concluí que falta muita gente completar o ciclo vacinal aqui no Estado. Isso, em relação à praga. No que diz respeito à gripe, o déficit é bem maior. Na onda pandêmica, a turma lá de cima esqueceu da gripe e abriram caminho para o aparecimento da H3N2. Essa é a placa da variante desgovernada. Até a Globo esqueceu, olha que mancada! Podia ter descascado o presidente. Culpa de má Influenza, do gabinete do ódio.
Fico pensando, e o gabinete do amor? Esse conhece bem os problemas da saúde, baseado na ciência, lógico. Só que também não. Talvez tenha se perdido na antessala do careca ou nos camarins da vênus platinada e cabeludinha. Vai saber. Fato mesmo é que nessa questão da praga, tá todo mundo igual a cego em tiroteio.
A única coisa que não dá para se deixar enganar é a vacina. Quem se vacina não vira jacaré. E corre menos risco de morte, isso é fato. Mais de 80% das internações atuais são de pessoas não vacinadas. Aqui e no mundo. Esse mimimi contra a vacinação é uma balela. Já está provado que quanto mais a vacina anda, menos gente morre e mais a economia avança. Ponto.
Por fim, já passou da hora de virar esse jogo. Mudar de página, sair do breu. No escurinho, só pra saliência, e olhe lá. A mente, assim como o espírito, precisa de luz. Ontem, ao tomar a terceira dose, acendi minha lamparina. Fiz minha parte, em respeito àqueles com os quais convivo em casa ou no trabalho. Prefiro deixar a luz acesa.
Até!