No Cerrado brasileiro, a situação do desmatamento é claramente alarmante. De acordo com o sistema DETER do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), nos primeiros quatro meses de 2023 foram devastados 2.133 km2, um valor 17% maior que o registrado no mesmo período do ano passado e 48% maior que a média histórica.Já na Amazônia, nesse mesmo período, foram registrados, pela primeira vez na história, mais de 1.000 Km².
Somente em abril, no Cerrado, esse aumento foi de 31% em relação a abril de 2022, passando de 541 para 709 km², área cerca de duas vezes maior que na Amazônia Legal. Além disso, os valores podem estar subestimados por conta da cobertura de nuvens que permaneceu bem acima da média durante os quatro últimos meses.
Cerca de 80% dos alertas de desmatamento ocorreram em áreas do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Nos primeiros nove meses do período completo de medição do DETER, iniciado em 1o de agosto, houve alertas de desmatamento para 3.473 km² no bioma, um valor 10% maior que o registrado no período anterior (entre agosto de 2021 e abril de 2022) e 15% maior que a média histórica.
“Só entre janeiro e abril, o Cerrado perdeu 2.133 km². Infelizmente, este número está num contexto de destruição contínua e crescente que já vem ocorrendo há muito tempo. Essa devastação já consumiu metade do bioma que é muito pressionado pelas atividades agrícolas”, declara Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração de ecossistemas do WWF-Brasil.
De acordo com ele, não se pode esquecer que no Cerrado nascem as principais bacias hidrográficas do país. “O desmatamento ameaça a segurança hídrica das grandes cidades e principalmente o setor agrícola que necessita de um regime de chuvas seguro para manter sua produtividade”, afirma.
Quando se estima o desmatamento em relação a área remanescente de vegetação primária, o Cerrado tem uma taxa por volta de 3 vezes maior que a Amazônia. O Cerrado já perdeu quase metade da sua cobertura. O Cerrado tem apenas 3% de sua área em proteção integral, muito pouco para um bioma que tem a maior fronteira agrícola do mundo e que já perdeu quase metade de sua área original.
Fonte: WWF-Brasil e UOL