Nesta sexta-feira, 4 de outubro, comemora-se o Dia de São Francisco de Assis. No sul do Espírito Santo, as igrejas católicas estão recebendo animais para a tradicional bênção.
Na Comunidade dedicada ao santo padroeiro e protetor dos animais, no bairro São Francisco de Assis, em Cachoeiro de Itapemirim, os trabalhos começaram cedo, e por volta das 09 horas já tinha vários bichinhos aguardando para receber a benção do pároco local, padre Paulo Sérgio Mourão.
“A comunidade mantém essa tradição há muitos anos. São Francisco de Assis vivia uma profunda experiência de fé e enxergava toda a criação como parte do projeto de amor de Deus e, se tudo faz parte desse projeto, São Francisco enxergava as criaturas como irmãos e irmãs, por isso, nutria tanto amor, respeito e cuidado para com os animais”, diz o padre Mourão, da Paróquia Sagrados Corações de Jesus e Maria.
O vendedor Jhonata Gomes participa da benção desde que recebeu seu tigre d’água (tartaruga doméstica).
“Trago todos os anos, desde que adotei minha tartaruguinha, recebi muitas bênçãos aqui. Eu acho que é muito importante, é um dia especial pra eles e para nós também”.
O dia de São Francisco de Assis serve também como um alerta de cuidado e respeito com o meio ambiente, contou Samuel Rodrigues que trouxe seu pássaro nas mãos.
“São Francisco trouxe pra gente a lembrança do quanto a gente tem que amar e cuidar da natureza. Eu moro ao lado da igreja e fiz questão de trazer meu xodó comigo. Trouxe nas mãos para protegê-lo. Vieram muitos animais e, com isso, ele poderia se assustar e se debater na gaiola. Assim o protejo”.
São Francisco e os animais
Na tradição, há muitas histórias de São Francisco com os animais. Uma das histórias sobre o Santo diz que bandos de andorinhas o seguiam continuamente formando uma cruz e que, em uma ocasião, na qual ele ia pregar em Alvino, disse: “Irmãs andorinhas, agora eu tenho que falar comigo.”
Em outra ocasião, ele amansou um lobo selvagem dizendo: “Venha aqui, irmão Lobo, mando-te da parte de Cristo, que não faças nenhum mal a mim nem a ninguém”. E quando estava no monte rezando, um pássaro lhe avisou que era a hora da oração da meia-noite. Eu penso que essa seja uma boa oportunidade para aprender o que a Igreja ensina sobre os animais. Papa Bento XVI disse, certa vez, que “a existência dos animais se limitava à sua vida na terra”, uma vez que eles não têm uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus, como a nossa alma.
O Catecismo da Igreja ensina
§2416 – “Os animais são as criaturas de Deus que os envolve com a sua solicitude providencial. Pela sua simples existência, eles o bendizem e lhe dão glória. Também a eles os homens devem carinho. Lembremos com que delicadeza os santos como São Francisco de Assis ou São Filipe Neri tratavam os animais”.
§2417 – “Deus confiou os animais à administração daquele que criou à sua imagem. É, portanto, legítimo servir-se dos animais para a alimentação e a confecção das vestes. Podem ser domesticados para ajudarem o homem em seus trabalhos e lazeres. Se permanecerem dentro dos limites razoáveis, os experimentos médicos e científicos em animais são práticas moralmente admissíveis, pois contribuem para curar ou poupar vidas humanas”.
§2418 – “É contrário à dignidade humana fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas. É igualmente indigno gastar com eles o que deveria, prioritariamente, aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, porém, não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
Fonte: Diocese de Cachoeiro