Uma vez que se tem a consciência dos efeitos do tabaco no organismo, abandonar o vício do cigarro se torna um verdadeiro desafio, sendo comum sucumbir à dependência no meio do caminho. No entanto, com a proximidade do Dia Mundial sem Tabaco, na próxima segunda-feira, 31 de maio, uma informação pode ser uma ponta de esperança para quem deseja se livrar do hábito: a de que as chances de sucesso aumentam quando há apoio médico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma simples consulta eleva as chances de largar o vício em 10%. Ao fazer acompanhamento com o médico especialista o percentual sobe para 15%, podendo chegar a 40% se houver uso de medicamentos durante o tratamento.
O pneumologista da Unimed Sul Capixaba Leandro Baptista (foto capa) afirma que o Dia Mundial sem Tabaco é importante por chamar a atenção para as doenças e mortes relacionadas ao tabagismo. “Por ano, mais de 8 milhões de pessoas morrem no mundo em decorrência do cigarro. Só no Brasil, são quase 430 óbitos por dia. Estamos falando de mortes evitáveis”, alerta.
Causador de problemas de saúde como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias, o tabaco está muitas vezes associado ao alívio do estresse e ao prazer. Mas os efeitos para o organismo ao longo dos anos estão longe de serem positivos. “A nicotina presente no cigarro age de uma forma que faz com que a necessidade de fumar seja, além de física, psicológica. Por isso que é tão difícil para algumas pessoas. Apesar disso, é sempre possível e vale muito a pena uma tentativa de cessação do tabagismo”, diz o médico.
Após a consulta com o pneumologista para analisar o quadro do paciente e realizar os exames necessários, o tratamento tende a combinar intervenções comportamentais e medicamentosas, ajudando o paciente a romper o ciclo vicioso e a reduzir os sintomas da síndrome de abstinência, como irritabilidade, dor de cabeça e dificuldade de concentração. Em todo o processo, o apoio psicológico é fundamental.
As evidências científicas mostram ainda que parar de fumar antes dos 40 anos tem a capacidade de reduzir em 90% as chances de morte pelas doenças relacionadas ao tabaco. Para se ter uma ideia, após um ano, o risco de infarto reduz pela metade e, depois de 10 anos, a possibilidade de sofrer um infarto passa a ser igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Livre depois de 44 anos
Quem conseguiu abandonar o vício se diz mais feliz e com mais qualidade de vida. Foi o que aconteceu com o comerciante José Almeida Neto (foto), de 64 anos, que buscou ajuda no Grupo de Tabagismo da Unimed Sul Capixaba. Fumante dos 16 aos 60 anos, está livre do cigarro há três anos.
“Sentia a necessidade de parar de fumar e tentei várias vezes, mas fracassava. Minhas filhas me pediam isso, minha mãe também e eu não conseguia. Meu primeiro neto nasceu e eu tinha vergonha de pegá-lo no colo por conta do mau cheiro do cigarro. Até que em 2009 o meu pai faleceu. Ele era fumante e teve câncer de próstata. A doença acabou se alastrando. Depois disso, decidi escrever uma carta contando um pouco da minha relação com o cigarro e a vontade de parar. A participação no grupo de tabagismo foi de suma importância para que ficasse livre do vício. Sou muito grato por isso”, diz.
No momento, as atividades do grupo estão paralisadas por conta da pandemia. Mesmo assim, o cliente Unimed que tiver interesse no serviço pode entrar em contato com a cooperativa (28 2101-6302) para fazer a pré-inscrição e ser inserido quando os encontros forem retomados.
Todo o trabalho funciona com base nas recomendações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que tem uma cartilha orientando o tratamento dos fumantes. São quatro encontros mensais, um a cada semana, e, depois disso, mais dois encontros quinzenais. Durante o processo, o paciente é acompanhado por enfermeiro, psicólogo e médico.