Hoje, 05 de março, dia em que a Igreja celebra a memória de Santo Adriano (mártir), o bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, celebrou a missa da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma de 2025.

A missa começou, às 09 horas, após um momento de oração do qual participaram seminaristas, diáconos, padres e fiéis; na Catedral de São Pedro, em Cachoeiro de Itapemirim.

Em sua homilia, Dom Luiz incentivou a “confrontar nossa vida com a mensagem central dos Evangelhos”, ou seja, voltar o coração para Deus, redescobri-lo e converter cada um de nós, por meio da oração, do jejum e da esmola.
“Neste início do tempo quaresmal, recordemos todo o caminho do martírio de Jesus Cristo em vista da Páscoa. Recordaremos não apenas o sofrimento na cruz, mas também a incompreensão, a rejeição e a traição a que foi submetido em seu caminho para Páscoa. Esse caminho foi marcado pelo sofrimento, como foi e continua sendo o caso dos apóstolos e de muitos discípulos ao longo do tempo”, refletiu o prelado.
Dom Luiz também destacou o Papa Francisco por seu martírio e fez um alerta sobre a interação nas redes sociais e nos riscos particularmente preocupantes de “divisões” que mancham a mensagem do Evangelho com discursos de ódio que, por vezes, legitimam outros a promoverem um tipo de comunicação semelhante.
“Atualmente, na figura do Papa Francisco, vemos o martírio não somente físico, causado pela fragilidade da doença, mas também o das críticas e rejeições a seus esforços incessantes pela paz, pela proteção da natureza e por uma igreja sinodal e acolhedora. São cerca de 20 dias de internação. O mundo inteiro está rezando por ele, pois veem nele o único líder mundial a gritar, a clamar pela paz, pelo fim das guerras, pelo cuidado que devemos ter uns com os outros e com a casa comum”.
“Queremos rezar também por uns poucos, ditos católicos, que gostam de criar divisão em nossa igreja e, para isso, seguem falsos pastores, falsos profetas, pseudo-influenciadores digitais que, por meio do mal uso das redes sociais, espalham a maldade e o desejo de morte, inclusive do nosso querido Papa Francisco (…) Assim como rezamos pela nossa conversão, pela conversão de toda a igreja como a igreja de Jesus, rezamos também pela conversão dessas pessoas, que muitas vezes se colocam fora da eclesialidade, da comunhão. Bem-vindos se quiserem voltar! Voltem e se preparem para Páscoa, a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, da unidade sobre a divisão”.
Celebrada 40 dias antes da Páscoa, a Quaresma é um período de reflexão, oração e penitência para os fiéis, por isso, Dom Luiz ressaltou o valor do jejum, que não deve ser visto como uma dieta, mas como um sacrifício. E que o fruto do jejum deve se tornar caridade.
“Jejuar é privar-se do alimento para experimentar a fragilidade humana, mas também a oportunidade de recordar de tantos milhões de crianças, jovens, adultos que passam fome por causa das injustiças, do abismo entre ricos e pobres, dos regimes autoritários (…) partilhe seu jejum com alguma pastoral da sua comunidade que se encarregue de ajudar aos mais necessitados. Partilhe com alguma organização nacional ou internacional que trabalha com essas populações”, convidou.
Dom Luiz concluiu a homilia, afirmando “que nossas práticas quaresmais não sejam meras formalidades, mas expressões sinceras de nossa busca por reconciliação. Que ela nos ajude a construir pontes, curar as feridas e a semear esperança”.
Durante a missa aconteceu a tradicional “Imposição das Cinzas”, rito que relembra a passagem bíblica “do pó viemos e ao pó voltaremos” (Gn 3,19). O bispo e seu clero abençoam os fiéis colocando um pouco de cinzas sobre as cabeças ou desenhando uma cruz em nas testas.
Campanha da Fraternidade 2025
Para a Igreja no Brasil, a Quarta-Feira de Cinzas marca também o início da Campanha da Fraternidade (CF), cujo tema em 2025 é “Fraternidade e Ecologia Integral”.
Inspirada na publicação da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, que em 2025 completa 10 anos, nos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, na exortação apostólica Laudate Deum, nos 10 anos de criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e na realização da COP 30 em Belém (PA), a Campanha tem por objetivo, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, facilitar o processo de conversão integral, ouvindo o grito da Terra.
“Para nos ajudar a viver a Quarema, a igreja no Brasil, há cerca de 70 anos, lançou a Campanha da Fraternidade que, a cada ano, toca em um das feridas da nossa sociedade. Em 2025, a CF traz, pela nona vez, um tema voltado para Ecologia. Como podemos em nossas comunidades vivenciar a CF por meio de decisões e ações concretas? Quais atividades podemos realizar, como paróquia, para que a CF seja uma realidade assumida por todos e todas?”, questionou Lisboa.