Um dos maiores problemas de saúde pública dos municípios capixabas, a proliferação desenfreada de cães e gatos nas ruas pode estar perto de ter uma solução. O Governo do Estado lançou, neste domingo (06), o Programa Estadual de Bem-Estar Animal, o “Pet Vida”, que prevê recursos de R$ 5 milhões a serem repassados para os municípios utilizarem em ações de saúde e controle populacional desses animais.
A iniciativa é considerada uma das mais inovadoras do País, sendo a primeira a utilizar a modalidade “fundo a fundo”, em que o Estado repassa os recursos diretamente para a conta dos municípios.
Dos recursos destinados pelo Estado ao programa, metade será voltada para esterilização de cães e gatos, onde 70% será para castração de fêmeas. Também serão contempladas a oferta de serviços de vacinação e as ações de adoção.
Gatos invadem a Ilha da Luz
Em Cachoeiro de Itapemirim, a proliferação de cães e gatos vadios nas ruas da cidade é percebida nos bairros e mesmo no centro da cidade. É comum ver, principalmente no período do cio desses animais, grupos de cães seguindo e copulando com espécies fêmeas nas calçadas e áreas de estacionamento.
Na Ilha da Luz, por exemplo, o problema são os gatos. Segundo a aposentada Maria Aparecida Temporim (70), moradora à rua Gastão Pimenta Coelho, próxima ao Pavilhão de Eventos, a população desses felinos saiu do controle e já ultrapassa a casa das duas dezenas.
“A cada estação recomeçam os “cruzos” e o número vai aumentando, já que esses animais vivem soltos. Na próxima “safra” vai triplicar” – disse a aposentada.
Maria Aparecida comenta que alguns moradores da rua, por sentirem pena dos bichanos, acabam por alimentá-los, contribuindo para que permaneçam na Ilha. “Vem até uma sonhorinha de longe trazer comida para eles. Ela tem pena, porque foi moradora daqui e um dos seus cachorrinhos também ficou para trás e vive nesse ambiente” – disse.
Entre os problemas apontados pela moradora, estão as fezes e a urina desses animais, que podem provocar diversas doenças, especialmente em crianças que costumam ter mais contato com a terra. “Todo dia é uma catinga danada, eles mijam em tudo e fazem a maior algazarra à noite, invadem as casas em busca de alimentos”, disse.
Outra moradora da rua, a esteticista Fernanda Coelho (35), reclama que os gatos arranham o automóvel da família ao subirem no veículo para dormir. “Eles também entram pelo telhado e fazem suas necessidades no forro da casa, não tem como evitar”, reclama a esteticista, que quer providências do Centro de Zoonoses Municipal para remoção dos animais da Ilha. “Vou ligar para lá hoje ainda”, reforçou com a reportagem.
Já o menino Matheus Resende Machado (10), neto de Dona Aparecida, dá uma dica para resolver o problema. “É preciso que os animais sejam bem alimentados e castrados, assim como fazemos aqui em casa”. Matheus tem um gato (retirado da rua) e uma cadelinha adquirida numa loja pet. Ambos são castrados e vivem dentro da área da residênca onde mora.
Sobre Pet-Vida:
Com a iniciativa, o Espírito Santo reforça o compromisso com nove das 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas com a participação de 193 estados membros, incluindo o Brasil.
Eixos centrais do Pet Vida:
O Pet Vida atua em seis eixos centrais: descentralização, educação, saúde animal, atendimento prioritário, controle populacional e cadastro. Neste primeiro momento, o programa é exclusivo para cães e gatos.
Descentralização: neste eixo, ocorrem os repasses de verbas fundo a fundo para o município para contratação de médicos veterinários, clínicas, hospitais veterinários e unidades móveis de castração. Assim, o Estado garante que todas as cidades capixabas sejam atendidas com o programa.
Educação: serão ofertados manuais de boas práticas que tratam sobre guarda responsável, saúde animal e educação ambiental.
Saúde animal: o programa vai atender um anseio antigo da causa animal, com a aplicação de vacinas V4 e V8, atendimentos básicos de urgência e emergência, vermifugação e testagens rápidas.
Atendimento prioritário: inicialmente, o Pet Vida terá como público alvo prioritário os animais errantes, animais de tutores em vulnerabilidade socioeconômica ou inscritos no CadÚnico, animais no entorno de áreas de proteção ambiental e em territórios indígenas.
Controle populacional: dos recursos, 50% do valor será voltado para esterilização, onde 70% será destinado para fêmeas.
Cadastro: em uma ação inovadora, o Estado vai ofertar a microchipagem de animais, por meio da tecnologia NFC, onde será possível cadastrar todas as informações do animal e tê-las de maneira fácil na palma da mão. Além disso, protetores que vão fazer o acolhimento dos animais devem se cadastrar previamente e receberão remédios, roupa cirúrgica, ração e uma taxa solidária.