Faleceu na manhã desta sexta-feira (15), aos 76 anos, o radialista Nelson Pereira, que fez história no rádio cachoeirense nas décadas de 1970 e 1980. O corpo foi velado na loja maçônica (perto da rodoviária, no bairro Gilberto Machado) e sepultado às 17h00 no Cemitério Parque, no bairro IBC.
Nelson ganhou fama com o programa “Nelson Pereira Show”, que apresentou na antiga Radio Cachoeiro – ZY9. Foi contemporâneo e abriu caminho para vários radialistas cachoeirenses, como Orlando Luiz, Toninho Carlos, Ailton Weller, Elyan Peçanha, Alcir Rodrigues, Mauro Roger, Ruy Guedes, Juarez Marqueti e Dourado, entre outros. Com Dourado, disputou audiência das manhãs após a chegada das FMs em Cachoeiro, já nos anos 1980.
“Destes, só eu estou na ativa. Estavam começando: William Lima, Antônio Geraldo, Paulo Henrique e os operadores Hércules e Carlos Catuaba, Ângelo Paulo, Manoel Pereira e muitos outros”, relatou Orlando Luiz, que trabalhou com Nelson como noticiarista no programa “Nelson Pereira Show”.
Confira o seguinte trecho da crônica “ZY9-Rádio Cachoeiro AM 1210 Kilohertz”, de Alexandre Gope, onde o autor relata um encontro com Nelson Pereira:
“Ao assinar as ordens de pagamentos, tentei ler o nome do supervisor, inelegível aos meus olhos, mas ao carimbá-las, lá estava o nome impresso, “Nelson Pereira”. Por um instante, me reportei aos meus 11 anos de idade, ao meu radinho Dunga vermelho e aos meus muitos dias de repouso.
Dirigi-me a ele perguntando se ele tinha alguma relação com a Rádio Cachoeiro e em resposta ele soltou um… “Alô, Alô, Bistecas e Marmanjos!” A mesma voz, a mesma entonação… Meu coração disparou. Ele me contava coisas do programa que eu não conhecia e outras curiosidades que eu ávido absorvia, “viajando” num sentimento bom. De repente, ele me perguntou se eu ouvia o programa e eu lhe falei sobre a doença, o repouso, o rádio… e emocionado e com gratidão falei da companhia que ele me fizera nas tantas manhãs daqueles intermináveis dias.
Seu rosto mostrou uma seriedade não muito condizente com o seu semblante alegre, seus olhos brilharam e pude notar uma lágrima ainda presa carregada de lembranças, e um misto de emoção, orgulho e saudade.
Contei-lhe, por oportuno, minha saga até chegar ali e encontrá-lo, porque não poderia deixar de fazê-lo. De alguma forma, tudo na vida tern uma razão de ser… Nada acontece por acaso e talvez tudo tenha concorrido para que eu tivesse a oportunidade de agradecer pessoalmente, a quem, mesmo sem me conhecer, fora meu companheiro em momentos de angústia, motivo de risadas quando a vontade era de chorar, e que virou um amigo de todos os dias com hora marcada para me visitar”.
ALEXANDRE GONCALVES PEREIRA (Alexandre Gope)
Retirado do Site Talentos: (https://talentos.fenae.org.br/Detalhe/Literario/15496)