Por Marcelo MeloNo Rio da Minha Vida, a silenciosa Canoa do Tempo chega à margem, me chama pelo nome e atraca minha vida ancorada. Embarco na canoa que risca sobre a água minha história passageira.Calado, olho para trás e tento escutar as respostas não compreendidas. A pressa, companheira agitada, é freada pela calmaria questionadora. O experiente Rio, silencioso e delicado, navega observador.Ribeirinha, a mata ciliar acompanha minha vida navegada. Nina e Nena, minhas cachorras, fiéis companheiras, a nado, fazem a travessia do Rio e descansam no meu coração. Pássaros festivos cantam modas de boas-vindas. Navego e distancio do que eu era.A Senhora distância que mete medo, me instala, apascenta e cura minhas feridas. Chego, me olho e me encontro. Fecho os olhos dispersos e enxergo o que ficou para trás da minha exausta vida andarilha.Cansado das mentiras postadas diariamente, abro os olhos despoluídos e contemplo a vida navegada ao meu alcance. O duro chão pisado pelas estradas peregrinas, machucou meus pés calejados.Com sabedoria, a Canoa do Tempo e o Rio amigo me confidenciaram: – viver é silenciar e navegar.