Arthur Lira cancelou a reunião em que seria debatida a votação do arcabouço fiscal, depois de ataques públicos de Fernando Haddad à Câmara dos Deputados.
O encontro estava previsto para ocorrer às 19h00 desta segunda-feira (14), na residência oficial do presidente da Câmara, com a presença de líderes partidários e do próprio ministro da Economia.
Em entrevista, Haddad disse que o regime em vigor no Brasil não é mais o presidencialismo de coalizão, mas uma coisa que chamou de “estranhíssima”, espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro.
“A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas ela está com um poder que eu nunca vi na vida”, afirmou.
Haddad também questionou o montante de R$ 40 bilhões destinado a emendas parlamentares no orçamento federal.
“É 0,4% do PIB. Onde no mundo tem isso?”, indagou o ministro.
Lira e seus aliados reagiram imediatamente, classificando as falas de Haddad como uma afronta à autonomia de outro Poder e decidindo cancelar a reunião para debater o texto final da nova regra fiscal.
Ministro recua
O tema será debatido no tradicional almoço de líderes nesta terça-feira, mas a data da votação agora é incerta. Quando se deu conta do estrago, o ministro da Economia telefonou para Lira e tentou justificar suas declarações, alegando que foram dadas num contexto de reflexão sobre o fim do presidencialismo de coalizão e que não tinha intenção de criticar o comando da casa legislativa.
“Eu defendi durante essa entrevista que a relação pudesse ser mais harmônica para produzir melhores resultados. Tudo que tenho feito é dividir as conquistas do primeiro semestre com Legislativo e Judiciário. Longe de mim querer criticar a atual legislatura”, disse à imprensa, ao deixar a Fazenda.
O mea-culpa foi uma exigência do próprio presidente da Câmara, que, na conversa com Haddad, repisou que orçamento é peça do Legislativo, “por isso se forma uma comissão mista, na qual deputados e senadores colocam seus pleitos para atender seus eleitores”, disse.
No Twitter, Lira foi ainda mais enfático ao escrever que “manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessários para que o país avance”.
Com informações da Jovem Pan