O Brasil não voltará a crescer mais de 3% ao ano de forma sustentada sem uma indústria forte, competitiva, sustentável e internacionalizada. Essa é a avaliação do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, expressada nesta terça-feira (7) durante almoço com o presidente da República, Jair Bolsonaro, ministros e cerca de 500 empresários, em Brasília-DF.
Uma comitiva de representantes capixabas, liderada pela Findes, participou do encontro, que teve o objetivo de apresentar propostas para a redução do Custo Brasil, ou seja, para o aumento da competitividade do setor.
Na avaliação da presidente da Findes, Cris Samorini, enquanto o país não atacar esse problema vai continuar desperdiçando oportunidades. “Por ano, o país perde R$ 1,5 trilhão com o Custo Brasil. Estamos diante de um problema histórico e que tira a competitividade dos nossos negócios. A convergência do setor produtivo e do poder público é essencial para superar essa agenda, e o encontro da CNI de hoje demonstra o compromisso da indústria em prol do desenvolvimento do país.”
Durante o evento, Robson Andrade entregou ao presidente Bolsonaro um conjunto de 44 propostas para a retomada da indústria e geração de emprego. O documento foi elaborado com base em subsídios das federações, associações, MEI e de reuniões com empresas coletados durante o ano e refinados em reuniões dos Fóruns e Conselhos Temáticos da CNI e do FNI.
O presidente Jair Bolsonaro pegou o caderno com propostas e, rapidamente, entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem deu a missão de analisá-las e implementá-las. Bolsonaro disse que é importante encorajar as pessoas a investir cada vez mais no Brasil. O presidente da CNI explicou que, nos últimos 10 anos, o setor agropecuário cresceu a uma taxa média anual de 3% ao ano. “O desempenho da agropecuária tem sido importantíssimo para evitar a queda do PIB brasileiro. Porém, a agropecuária não tem o poder de alavancagem da indústria, em especial da indústria de transformação. E não consegue, sozinha, puxar o resto da economia”, ponderou Andrade.
“Os investidores não podem viver sob a sombra da incerteza, com insegurança jurídica”, disse. Além disso, avalia que o excesso de burocracia dificulta a vida do empresário brasileiro. “Como é duro ser patrão no Brasil. Quem emprega são vocês, nós somos devedores de favores para vocês. Quem cria a massa de empregados, quem gera riqueza no Brasil são vocês. Não podemos dificultar”, afirmou.
Governo tem a oportunidade de realizar a mais importante das reformas para a redução do Custo Brasil
“Este governo tem a oportunidade de realizar, ainda nesse mandato, a mais importante das reformas para a redução do Custo Brasil. Uma reforma que outros governos não conseguiram fazer. Uma reforma que gerará um impacto extraordinário na competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, no crescimento desse país e toda a nação”, afirmou o presidente da CNI.
Trata-se da reforma tributária sobre o consumo. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que o sistema tributário brasileiro é a principal e mais pesada “bola de ferro amarrada nos pés dos empresários”. Sendo assim, o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 110, que está no Senado Federal, tem o apoio da indústria.
“Nosso esforço é de transformação do Estado brasileiro, controle dos desperdícios que, inclusive, compõem o Custo Brasil”, explicou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele afirma que o Brasil foi desindustrializado ao longo dos últimos 20 e 30 anos, e se tornou prisioneiro de uma armadilha de crescimento zero. “A nossa proposta é reindustrializar o Brasil, com todos os marcos regulatórios, começamos com o do Gás Natural, a cessão onerosa do Petróleo, o Saneamento…”, afirma.
Segundo Paulo Guedes, o Brasil voltou da crise da pandemia em V, preservou 11 milhões de empregos no setor privado e protegeu 68 milhões de brasileiros. Atualmente, no terceiro ano de governo, tenta retomar as reformas estruturais. “Quando eu olho para o futuro, eu não consigo ver o Brasil não crescer. Queria deixar mensagem de otimismo, eu diria que das 44 propostas, nós já estamos trabalhando a quase dois anos em umas 40 delas. Fizemos mandala do custo Brasil, que é realmente de R$ 1,5 trilhão, então temos que fazer a reforma tributária”, afirmou.
Confira o documento entregue pela CNI ao governo federal com as propostas da indústria