Músico percussionista vai realizar recital-palestra, oficina e mesa-redonda em Bogotá, nos dias 14 e 16 de março, com a cantora Ekaterina Bessmertnova, dentro de intercâmbio cultural entre os dois países
Um dos nomes mais atuantes da cena musical capixaba, Léo de Paula vai representar a ancestralidade da percussão bantu no Fórum Permanente de Estudos Afro-brasileiros, em Bogotá, capital da Colômbia. Juntamente com a cantora Ekaterina Bessmertnova, o percussionista, compositor e produtor apresentará um recital-palestra, no dia 14 de março, e uma oficina e mesa-redonda, no dia 16 de março, na Fundación Cultural Cayena, tradicional espaço de difusão da cultura brasileira na região.
O intercâmbio é viabilizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES), por meio do Edital nº 02/2023, que concede apoio cultural-financeiro para custeio de despesas com locomoção de artistas, técnicos e estudiosos.
O fórum é parte integrante do Ciclo Internacional de Conferências Poéticas da Diáspora Africana (Ciclo Afro), uma iniciativa organizada pelo Leitorado Guimarães Rosa – Bogotá, instituição vinculada à Embaixada do Brasil na Colômbia, com o apoio do Ministério de Igualdade Racial e do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.
As atividades são voltadas a alunos da Universidade Nacional da Colômbia e à comunidade acadêmica em geral. O objetivo é promover o diálogo e o intercâmbio cultural entre o Brasil e a Colômbia, com foco especial nas questões musicais e afrodiaspóricas.
Tambores
Esta é a primeira vez que Léo de Paula vai se apresentar na Colômbia, país caracterizado por sua cultura rica e diversa, e pela mistura de tradições indígenas, espanholas e africanas. Conhecido por seu trabalho autoral e como professor do núcleo de percussão do Projeto Vale Música Espírito Santo, ele já levou sua arte aos Estados Unidos, Sérvia, Holanda, Inglaterra e Rússia, terra natal da companheira Ekaterina Bessmertnova.
“Minha expectativa é a melhor possível. Partiremos da percussão de origem banta até chegar à contemporaneidade de gêneros musicais brasileiros”, adianta o músico.
No recital-palestra, Léo de Paula utilizará toques específicos de tambores, atabaques, congas, tumbadoras e agogôs, para exemplificar a conexão entre os ritmos associados à musicalidade sagrada de origem banta com as práticas musicais presentes na cultura colombiana. Simultaneamente, Ekaterina Bessmertnova interpretará canções representativas dessa estética na música popular brasileira: “Tristeza e Solidão”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes; “Alguém me avisou”, de Dona Ivone Lara; “Deusa dos Orixás” e “Conto de Areia”, de Toninho Nascimento e Romildo Bastos; “Canto das tr&ec irc;s raças”, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, e o congo capixaba “Iaiá, você vai à Penha”.
Em um segundo momento, o músico vai trabalhar ritmos considerados ancestrais do samba, como a cabula e o monjolo, que ele entende como elementos essenciais para a formação da identidade musical brasileira. “Durante a palestra faremos um paralelo com o pandeiro, exemplificando adaptações e desdobramentos criativos desta musicalidade de modo a influenciar contextos artísticos mais amplos”, observa Léo de Paula. Dentro dessa atividade ele pretende demonstrar como o funk, o samba e a música instrumental derivam dos toques sagrados de origem banta.
Na oficina e mesa-redonda, o músico irá mencionar curiosidades históricas e culturais acerca da cultura banta, de modo a propor o diálogo com outras expressões artísticas. “O objetivo é contribuir para a construção de referências positivas sobre nossa subjetividade e pertencimentos, privilegiando uma pluralidade de saberes e expressões, com foco na valorização da identidade negra”, destaca.
Herança africana
Para o professor visitante na Universidade Nacional da Colômbia e organizador do Ciclo Afro, Marcos Ramos, a participação de Léo de Paula e Ekaterina Bessmertnova no Fórum Permanente de Estudos Afro-brasileiros é parte fundamental de um movimento mais amplo de aproximação entre Brasil e Colômbia, mediado pelo elemento afrodiaspórico. “Há muitas coisas que unem esses países, mas, sem dúvida, um dos eixos centrais é a história de uma herança africana como valor civilizatório. As pesquisas do Léo em torno das mus icalidades centro-africanas, sob retudo, contribuem significativamente para uma compreensão mais aprofundada dessas dinâmicas culturais que tanto estão presentes no Brasil quanto na Colômbia”, afirma o professor.
PROJETO FÓRUM PERMANENTE DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS CONVIDA LÉO DE PAULA E EKATERINA BESSMERTNOVA:
Recital-palestra “Musicalidade bantu no Brasil”
Data: 14 de março
Horário: 18h30 (Bogotá)
Oficina e mesa-redonda “Musicalidades afro-brasileiras com Léo de Paula”
Data: 16 de março
Horário: 18h30 (Bogotá)
Local: Fundación Cultural Cayena – Bogotá, Colômbia
Realização: Ciclo Internacional de Conferências Poéticas da Diáspora Africana (Ciclo Afro), Leitorado Guimarães Rosa – Bogotá
Apoio: Ministério de Igualdade Racial e Ministério de Relações Exteriores do Brasil
Projeto selecionado pelo Edital nº 02/2023 – Seleção de Propostas para Custeio de Despesas com Locomoção para Circulação e Intercâmbio de Profissionais do Setor Cultural do Espírito Santo, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES)
SAIBA MAIS SOBRE A CULTURA BANTA:
O termo banto designa o conjunto de etnias oriundas da região Centro-Sul africana e compreende países atuais como Congo, Angola, República Democrática do Congo, Moçambique e Gabão, entre outros. O elo entre os povos dessas regiões é o complexo linguístico, pois há semelhanças nos idiomas e dialetos diversos das etnias compreendidas pela classificação banta. Os bantos estão presentes no Brasil desde a segunda metade do século XVI, durante a chamada diáspora africana, representada pela vinda de numerosa quantidade de povos negros que foram escravizados por mais de três sécul os. Trouxeram consigo seus idiomas, sa beres culinários, as medicinas naturais, as crenças, os ritos, as danças e, naturalmente, as manifestações musicais. Diversos gêneros musicais brasileiros têm o “DNA” banto explícito nas suas síncopes, fraseados e inúmeras células rítmicas.
SOBRE LÉO DE PAULA:
Reconhecido no cenário musical do Espírito Santo por sua atuação como percussionista, professor, produtor e compositor de trilhas sonoras para espetáculos de teatro e dança, Léo de Paula é professor de percussão do Projeto Vale Música Espírito Santo, instrutor de oficinas do Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) e integrante do naipe de percussão da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES).
Graduou-se bacharel em Música, com habilitação em Percussão, pela Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) em 2013. Recebeu prêmios como os títulos de “Honra ao Mérito” e “Voto de Louvor”, concedidos pela Câmara Municipal de Vitória (ES), em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à população, na ocasião do mês da Consciência Negra (2021) e na comemoração do Dia Nacional do Samba (2021 e 2016).
Apresentou-se em países como Holanda, Sérvia, Inglaterra e Estados Unidos (Carnegie Hall, Nova Iorque); e em salas como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a Sala São Paulo, entre outras. De 2017 a 2022 realizou turnês na Rússia, apresentou-se e ministrou masterclasses em Moscou, São Petersburgo, Kazan e Ufá, com reconhecimento em canais de TVs locais.
De 2015 a 2019, como solista, apresentou-se em recitais-solo, recitais-palestra e ministrou oficinas nas unidades do SESC do Acre, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia e Tocantins. Integrou a Camerata Brasil/Vale Música, que realizou turnês nacionais e gravou dois CDs, entre 2009 e 2013, com o pianista Marcelo Bratke.
Em paralelo à atividade artística, atua como comentarista e julgador do quesito bateria nos grupos A e B nos desfiles das escolas de samba do Carnaval Capixaba, e no Desfile das Escolas de Samba de São Paulo.
Compôs e gravou/executou ao vivo trilhas de espetáculos de dança/teatro, e de curta-metragens: “A Flor da Pele” (2022) “Terra sem Males” (2021), “Ipuã” (2021) “Kalunga” (2017, 2018, 2021), “Macurá Dilê” (2019) e “Colorido ao Cinza” (2015).
Em 2021, lançou o álbum “Grão: Território Percussivo”, disponível em CD e nas plataformas digitais, por meio do site www.leodepaula.com.br.
Em 2022 se tornou artista endorser das marcas russas “Chill Radar Handpan” e “Orion Steel Tongue Pan”.
SOBRE EKATERINA BESSMERTNOVA:
Ekaterina Bessmertnova é cantora profissional russa, naturalizada brasileira, radicada em Vitória há sete anos. Trabalha com os estilos samba, bossa-nova, MPB, pop (americano, russo, ucraniano), música tradicional eslava (folclore russo e ucraniano) e chanson francesa.
Formou-se especialista em Canto Popular e Jazz na Academia Estatal das Artes de Ufá, na República Bascortostão, na Rússia. Tem experiência profissional como professora de canto na Escola Pública Municipal de Música (para crianças e jovens), solista de big-band e em apresentações diversas em casas de shows, restaurantes e bares na sua cidade natal. De 2018 a 2020 trabalhou como professora de canto na escola de música Dinâmica, em Vitória. Atualmente é professora de canto no Centro de Música e Artes Acordes, na capital capixaba.
Ekaterina destacou-se como cantora solista nos seguintes projetos:
Abertura oficial do movimento Outubro Rosa, no Palácio Anchieta (2021 e 2023);
“Natal de Encantos”, com a Orquestra Sinfônica da COES (2022);
“Divas” (2021 e 2023);
“É Samba Clássico”, com a Camerata SESI (2021);
“Natal in Jazz”, com a Vale Música Jazz Band (2019);
Cinco edições do “Brazilian Night” (2017 – Ufá, 2018 – Moscou, 2019 – Ufá e Kazan, e 2022 – Ufá, Rússia);
“Saint Petersburg Batucada Motion” (2018), realizado na FIFA Fan Fest, em São Petersburgo, durante a Copa do Mundo de Futebol;
“Conexão Rússia-Brasil” (2019 e 2020, em Vitória).
Atuou como julgadora do quesito Harmonia no grupo B do Carnaval Capixaba (2022, 2023 e 2024). Desde 2019 tem atuado como compositora e cantora solista em trilhas sonoras de espetáculos de dança, e tem experiência como tradutora e produtora no masterclass “Ritmos e Sons Brasileiros” (Moscou, São Petersburgo e Ufa, na Rússia) e no minicurso de percussão brasileira no “Saint Petersburg Batucada Motion”.
Apresentou duas edições do recital-palestra “A Canção Russa”, em 2017 e 2018, no SESC Glória, dentro do projeto “Dia do Curioso Musical”. Atuou também como cantora solista e tradutora no Festival-Concurso internacional “Drum Wave”, em 2018 e 2019, em São Petersburgo, na Rússia.
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