Gravação de “Dona Astrogilda”, com referências à eterna mestra da Banda de Congo de São Benedito do Rosário, chega às plataformas digitais nesta sexta (11); clipe será lançado no dia 18 de fevereiro, no canal da cantora no YouTube
Um encontro com Dona Astrogilda Ribeiro, ocorrido em 2010, inspirou a cantora Monique Rocha a compor um samba em homenagem à Rainha do Congo do Espírito Santo, falecida aos 88 anos, em julho de 2021, por complicações em decorrência da Covid-19. O single “Dona Astrogilda” chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (11), embalado em ritmo de samba-congo e repleto de referências à eterna mestra da Banda de Congo de São Benedito do Rosário, criada em 1798 e uma das mais antigas do país.
No dia 18 de fevereiro, Monique Rocha lança o clipe da canção em seu canal no YouTube. Com direção da historiadora Cintia Braga, o vídeo foi rodado na Vila do Riacho, no município de Aracruz-ES, onde Dona Astrogilda viveu a maior parte de sua vida, tendo como cenários a Igreja de São Benedito do Rosário, o terreiro de umbanda e a devoção a São Benedito. As imagens capturam o cotidiano da vila, com Monique Rocha rodeada de crianças e da comunidade, combinando as cores próprias da Banda de Congo de São Benedito do Rosário – branco com o azul turquesa – com as cores quentes do samba, no caso a laranja, escolhida pela cantora.
A gravação e o clipe de “Dona Astrogilda” foram viabilizados com recursos do FunCultura, da Secretaria de Estado da Cultura, e fazem parte do Projeto Sou Negra, com o qual Monique Rocha reúne repertório composto por músicas autorais e de outros compositores capixabas.
Admiração
Cantora, compositora e atriz com intensa atuação na valorização da Cultura Afro-Ameríndia-Brasileira, Monique Rocha conta que sua admiração por Dona Astrogilda Ribeiro vem de longa data. “Eu a conheci na festa do Caboclo Bernardo, no distrito de Regência (Linhares), e passei a frequentar o terreiro dela em Vila do Riacho. Compus a música naquela época, mas só mostrei a Dona Astrogilda tempos depois em 2018”, revela.
Dona Astrogilda iria participar do videoclipe, mas infelizmente veio a falecer antes das gravações, realizadas em dezembro de 2021. “A gente quis retratar justamente o que ela representa, que é o terreiro, a igreja, a devoção a São Benedito e à Banda de Congo, que é uma das mais antigas do Brasil. Quem de fato a conheceu sabia da força daquela mulher. Ela era uma mulher muito à frente do seu tempo, líder da banda de congo, chefe de terreiro, era muito influente na política local e respeitada por todos os segmentos da sociedade, superando os preconceitos contra a religião de matriz africana”, observa.
Durante as filmagens, Monique Rocha contou com a participação dos integrantes da Banda de Congo de São Benedito do Rosário, da atual Rainha da Banda de Congo, Rosa Galdino, e de Cristiana Ribeiro, filha de Dona Astrogilda. A emoção foi grande quando a artista interpretou o roteiro baseado no sincretismo religioso que une os santos e orixás, em uma representação da filiação do Brasil à África e da influência cristã que marcou a vida da homenageada. “O videoclipe se fundamenta neste encontro entre o sagrado e o profano, e tanto de um lado quanto de outro o mote é a cultura popular afrodescendente, suas vestimentas, sua cantiga folclórica, sua simplicidade e suas tradições”, descreve Monique.
Quem assistir ao videoclipe verá Monique Rocha em plena sintonia com a paisagem da Vila do Riacho, em comunhão com os moradores e as tradições da região. A sinopse apresenta a sambista como uma jovem sem rumo e que encontra por meio da luz de Dona Astrogilda as bênçãos para seguir sua jornada.
Musicalmente, “Dona Astrogilda” promove uma fusão das células rítmicas do samba e do congo, território que Monique Rocha percorre com desenvoltura dentro de sua pesquisa sobre a musicalidade afro-brasileira: “A ideia é promover uma mistura do samba – que é o meu estilo musical – com o congo, que venho vivenciando há alguns anos, principalmente no teatro; e as religiões afro-brasileiras, de modo a construir uma sonoridade ao mesmo tempo regional e sem fronteiras”, define a artista.
LANÇAMENTOS DE MONIQUE ROCHA:
Single “Dona Astrogilda” – 11 de fevereiro, em todas as plataformas digitais
Videoclipe “Dona Astrogilda” – 18 de fevereiro, no canal da cantora no YouTube (https://www.youtube.com/user/moniquedarochaalves)
Projeto selecionado pelo Edital Setorial de Música 033/2019 da Secretaria de Estado da Cultura (Secult/ES).
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SOBRE MONIQUE ROCHA:
Natural de Afonso Cláudio (ES), Monique Rocha tem formação acadêmica em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Qualificação Profissional em Teatro pela Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (Fafi), tendo estudado também Canto Popular. Atua como atriz e cantora, tendo iniciado sua carreira no teatro em 2001 e sua carreira musical em 2007.
Em 2010 montou o grupo Fina Flor do Samba. Dois anos depois, lançou-se em carreira solo como cantora, com o espetáculo musical “Respeitem ao Menos os meus Cabelos Brancos”, em homenagem ao centenário de Herivelto Martins. A partir desse momento lança o Projeto “Samba da Antiga”, com repertório requintado de clássicos do samba.
Em 2015, inicia uma série de shows temáticos com o espetáculo “O Canto da Guerreira – Uma Homenagem a Clara Nunes”, apresentado com sucesso no Teatro Carlos Gomes e no Teatro Sesc Glória, em Vitória, e na Escola Sesc de Jacarepaguá e no bar Vaca Atolada, na Lapa (RJ).
Ainda dentro das comemorações dos 75 anos de Clara Nunes, em 2018 estreou o show “Clara: Sambas, Boleros e Canções”, ao lado da cantora Dorkas Nunes, com argumento e roteiro do jornalista e pesquisador musical José Roberto Santos Neves.
Outro show temático de sua carreira é “O Mar Marejou”, uma homenagem ao Dia de Iemanjá, apresentado desde 2016.
Em 2019, Monique Rocha estrelou o show “Sambas, Congos e Pontos”, um passeio pela musicalidade afro-brasileira, entre sambas que marcaram história, toadas do congo capixaba e cantigas de cunho afro-religioso.
Atualmente se dedica ao seu mais novo trabalho, o projeto “Sou Negra”, que reúne repertório de sua autoria e de outros compositores capixabas, com base no tema “O Negro: sua história e resistência”. Fazem parte deste projeto os videoclipes das músicas “Dona Astrogilda”, que será lançado em 18 de fevereiro, com apoio do Edital Setorial de Música 033/2019 da Secretaria de Estado da Cultura; e “Sou Negro”, contemplado pelo Edital Aldir Blanc/2021, por meio da Prefeitura Municipal de Vitória, com previsão de lançamento para maio de 2022. Composta pelo capixaba Jean Carlos, a canção foi lançada pela cantora em 2020 em todas as plataformas digitais.
Teatro e outros trabalhos
Dentro da proposta de mesclar teatro e música, Monique Rocha desenvolve desde 2008 o projeto de arte e educação “A História é Negra”, que conta histórias e fatos reais dos negros escravizados no Brasil, utilizando o teatro de fantoches, adereços e músicas de matriz africana.
Como atriz-cantora, fez parte da Cia. Makuamba por 15 anos, atuando em espetáculos teatrais contemplados por vários editais de cultura do Espírito Santo e por prêmios nacionais, entre os quais o espetáculo musical “Chico Prego”, premiado pelo Edital Miriam Muniz Funarte em 2015.
Em 2018 a artista foi convidada a integrar o Bloco Afrokizomba, o primeiro bloco afro da cidade de Vitória, para o qual compôs enredos com letras de cunho político e racial.
Desde 2018 lidera o Projeto Samba Pras Moças, composto por cantoras de renome no cenário capixaba, com o objetivo de reafirmar a importância das mulheres na trajetória do samba. Dentro dessa linha de atuação, desde 2019 coordena o “Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba”, reunião de mulheres sambistas que acontece anualmente em várias cidades do Brasil e fora do país, onde se levanta a bandeira contra o machismo.
Em 2020 lançou a Semana Formativa em homenagem ao “Dia da Mulher Sambista”.
SOBRE DONA ASTROGILDA:
Nascida na Bahia, Astrogilda Ribeiro dos Santos, ou Dona Astrogilda, como era carinhosamente chamada, se consagrou como a Rainha do Congo do Espírito Santo. Parteira e guia espiritual, Dona Astrogilda viveu a maior parte de sua vida na Vila do Riacho, em Aracruz, norte do Espírito Santo. Seguindo os passos dos pais, tornou-se mestra da Banda de Congo de São Benedito do Rosário, permanecendo à frente do grupo por mais de 65 anos.
Devota fiel a São Benedito, símbolo de luta e resistência no movimento negro e musa inspiradora de canções, a folclorista teve sua trajetória contada no documentário “Astrogilda, o Congo é sua Vida”, de Rogério Sarmenghi.
Em 2014, recebeu o título de Mestre da Cultura Popular do Espírito Santo pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult-ES).
Em janeiro de 2021, ficou internada por 19 dias com Covid-19. Debilitada devido à doença, faleceu em 19 de julho de 2021, aos 88 anos. A Rainha do Congo do Espírito Santo recebeu diversas homenagens de políticos, artistas e produtores culturais por sua contribuição inestimável para a cultura capixaba. Em novembro, o Edital de Culturas Populares Tradicionais, da Secretaria de Estado da Cultura, passou a se chamar Prêmio Dona Astrogilda.
FICHA TÉCNICA:
Produção:
Produção Geral: Monique Rocha
Assessoria de Imprensa: José Roberto Santos Neves
Design Gráfico: Vinicius Mardegan
Música:
Produção: Rodolfo Simor
Preparação Vocal: Bruna Kethily
Músicos:
Daniel Barreto (violão 7 cordas)
Wesley Marins (cavaquinho)
Marcus Paulo (sopros)
Jean Carlos (percussão)
Kaique Martins (percussão)
Peque Santos (percussão)
Coro:
Dorkas Nunes
Marcelo do Rosário
Jean Carlos
Ana Cris
Fernanda Assis
Menino Miguel
Videoclipe:
Direção: Cintia Braga
Direção de Fotografia: Marcelo N. Reis
Edição: Lucas Bonini
Direção de Arte: Rômulo Corrêa
Produção Executiva: Jean Carlos
Figurino: Ilza Margotto
Beleza: Ellen Cardoso
Fotografia: Thais Gobbo
Participação: Banda de Congo São Benedito do Rosário e moradores da Vila do Riacho