O universo literário capixaba perdeu um grande expoente nesta quarta-feira (17). Faleceu o escritor Samuel Machado Duarte, aos 89 anos. Nascido em Atílio Vivácqua, no dia 06 de maio de 1934, o ilustre romancista era titular da cadeira Nº 5 da centenária Academia Espírito-santense de Letras (AEL) e membro efetivo da Academia Cachoeirense de Letras (ACL).
A notícia foi recebida com profundo pesar pela ACL. Segundo a presidente da instituição, Marilene Depes, foi uma perda muito grande para a cultura capixaba. Para o escritor Paulo Medeiros, também membro da ACL, sua obra é comparada àquelas dos grandes escritores nacionais. Paulo comentou a morte do confrade.
“Que pena. Admirava-o muito. Para mim, o maior romancista do Espírito. Seu livro A Outra Face de Eros merecia ter tido destaque nacional. Seus romances demoravam anos para ficarem prontos, sempre burilando o texto”, disse a amigos numa rede social.
O escritor Romulo Felipe, titular da cadeira Nº 9 da AEL, também falou sobre a passagem de Samuel Duarte. “É uma perda imensa humana e cultural para o Espírito Santo. Um confrade muito querido por todos da nossa Arcádia”, relatou ao PORTAL DE NOTÍCIAS 24 HORAS.
Veja abaixo a nota de pesar da Academia Espírito-santense de Letras, que também conta um pouco da trajetória de vida e da intensa produção literária de Samuel Duarte, considerado pela crítica como um dos maiores escritores contemporâneos do Espírito Santo.
NOTA DE PESAR
É com profundo pesar que a Academia Espírito-santense de Letras comunica o falecimento do acadêmico Samuel Machado Duarte, ocorrido nesta quarta-feira, 17 de abril de 2024, aos 89 anos. Quarto ocupante da cadeira de nº 5 da Academia Espírito-santense de Letras, que tem como patrono Amâncio Pinto Pereira, Samuel Machado Duarte nasceu em 06 de maio de 1934 em Atílio Vivacqua (ES).
Em 1947, após ler O tesouro da Ilha da Trindade, descobriu, admirado, que o seu autor era capixaba. Nascia uma admiração que viria se transformar em amizade e respeito pela grande figura de Adelpho Monjardim.
Desabrochou, com força, seu pendor literário, incentivado por mestres como Deusdedit Baptista (Inglês), Virgilio Milanez (Português) e Aylton Bermudes (Francês e de Filosofia).
Durante o ano de 1953, aos 19 anos, escreveu o seu primeiro romance, Meu servo Jó. Em 1954, fez vestibular para a Faculdade de Odontologia do Espírito Santo, sendo aprovado em primeiro lugar. Nessa época publicou, no Suplemento Literário Dominical de A Gazeta, alguns sonetos e poemas. Em 1964, prestou concurso para o serviço público, tendo sido aprovado e nomeado para o cargo de odontólogo do antigo IAPTEC.
Entre os anos de 1957 e 1960 publicou no jornal O Arauto, de Cachoeiro, algumas centenas de crônicas em uma coluna denominada “Coisas da Cidade”. Publicou diversos livros, entre os quais os romances Ilha de fim de mar, As duas faces de Eros e As montanhas da lua; a coletânea de poemas O sino submerso, a obra de contos regionais Taperas & coivaras e a novela Alma de mestre.
Estudioso da história do Espírito Santo e tupinólogo, Samuel Machado Duarte publicou o ensaio histórico-etimológico O incalistrado – topônimos capixabas de origem tupi (2008), pela coleção José Costa, obra que é considerada referência nos estudos sobre a língua tupi-guarani no Espírito Santo.
Era membro efetivo da Academia Cachoeirense de Letras, da Academia Espírito-santense de Letras, da Ordem Nacional dos Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
Por meio desta nota, a Academia Espírito-santense de Letras se solidariza com os familiares e presta sua homenagem a Samuel Machado Duarte por sua vasta e indelével contribuição para a memória cultural do estado do Espírito Santo.