A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo (PCES), por meio da Superintendência de Ações Estratégicas e Operacionais (SIAE) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), realizou na tarde dessa quarta-feira (13), a operação policial Xampu II, na região de Iguape, zona rural de Guarapari.
O objetivo da ação policial foi de cumprir mandados de busca e apreensão, assim como mandados de prisão de investigados por suspeita de um golpe milionário envolvendo a compra e venda de veículos.
Durante a ação foram detidos quatro suspeitos, sendo uma mulher de 48 anos, e três homens de 22, 38 e 48 anos. Os alvos são investigados pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo as investigações, os detidos são proprietários de um grupo empresarial e fizeram dezenas de vítimas com os golpes em todo o Estado do Espírito Santo, resultando em prejuízo estimado em cerca de R$ 500 milhões.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas empresas e residências dos investigados, resultando na apreensão de computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos. Adicionalmente, a Justiça determinou o bloqueio de valores no montante de R$ 5 milhões das contas dos investigados e empresas ligadas ao grupo criminoso.
Em depoimento, os suspeitos não confessaram os crimes. Os suspeitos foram encaminhados aos presídios, onde permanecerão à disposição da Justiça. A mulher foi encaminhada à Penitenciária Feminina de Cariacica – Bubu. Os homens foram encaminhados ao Centro de Triagem de Viana (CTV).
As investigações prosseguirão para verificar o real prejuízo gerado nos golpes aplicados, bem como para recuperar os valores obtidos pela organização criminosa.
O golpe consistia na compra e venda de veículos da seguinte forma:
Segundo apurado pela equipe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), o modus operandi do grupo criminoso envolvia a aquisição de veículos, nos quais pagavam o valor de tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) de maneira parcelada, utilizando cheques emitidos por empresas associadas aos criminosos.
Posteriormente, esses veículos eram revendidos à vista, mas por um valor significativamente inferior, aproximadamente 70% ou até menos do que o montante acordado na aquisição. O montante obtido com as vendas era direcionado para as empresas vinculadas ao grupo.
A transferência dos veículos ocorria principalmente de forma direta entre o antigo e o novo proprietário, dificultando a fiscalização.
A partir do final do ano de 2022, o grupo expandiu suas atividades, adquirindo centenas de veículos por meio de cheques, sem, no entanto, honrar os pagamentos, resultando em um prejuízo milionário.
Durante as investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), foi descoberto que parte do dinheiro obtido era investida em uma empresa da família atuante no ramo de cosméticos. Além disso, identificou-se que o empreendimento familiar estava sendo utilizado para a prática de lavagem de dinheiro.
Operação Xampu I
A primeira fase da operação Xampu foi realizada no dia 29 de setembro deste ano, quando foram cumpridos seis alvos de mandado de busca e apreensão em Guarapari, Viana e Cariacica. Nesta fase, nenhum suspeito foi detido.
Foram apreendidos cerca de R$ 60 milhões em cheques, R$ 11 mil em espécie, um rifle calibre 22, um revólver calibre 38, uma pistola calibre 40, duas pistolas calibre 9mm, diversas notas promissórias. Aproximadamente R$ 1.900.000,00 (um milhão e novecentos mil) em cheques e contratos. Além de telefones, ipad, macbook, diversos pen drives e uma pistola.
Adicionalmente, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 7 milhões em veículos dos investigados que estarão disponíveis para ressarcimento das vítimas. Os investigados nessa primeira fase já foram denunciados por crimes como estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a ordem tributária.
Operação Xampu – O nome faz referência à descoberta, durante a investigação, de que parte do dinheiro obtido era investida em uma empresa da família atuante no ramo de cosméticos. Além disso, identificou-se que outro empreendimento familiar estava sendo utilizado para a prática de lavagem de dinheiro.