“Os royalties do petróleo deveriam ajudar o Caparaó, somos a caixa d’água da região”

O debate sobre o turismo e a sustentabilidade no Caparaó Capixaba já ganhou as ruas dos municípios da região. Em Jerônimo Monteiro, que irá receber o 2º Fórum Caparaó Sustentável, no dia 22 de maio, o assunto tem sido debatido nas casas, no comércio e mesmo nas pequenas propriedades rurais.

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Para o microempresário Marcelo Simonato, o evento vai despertar os pequenos e grandes empresários para temas que envolvem as políticas de turismo e ambientais voltadas para a região. Em poucas palavras, ele chamou a atenção para uma questão pouco ventilada, mas que ele aponta como um dos caminhos para fomentar o desenvolvimento da região.

“Nós aqui do Caparaó somos a caixa d’água da região sul, alimentamos as cidades como Cachoeiro, Marataízes, Itapemirim e outras à jusante. A água, por exemplo, só chega lá porque tem preservação aqui em cima. Por isso, uma parte dos royalties que vai para o litoral deveria ser aplicada aqui. O petróleo é um agente poluidor e nós somos agentes purificadores, então seria justo”, observou Simonato.

22 nascentes preservadas

Marcelo, que integra a Associação Rural de Jerônimo Monteiro (Arujem), argumenta que tem feito a parte dele enquanto cidadão. Para ele, a responsabilidade pelo desenvolvimento sustentável da região é tarefa para muitas mãos, não apenas dos governos. Recentemente, participou de um projeto da Fundação Banco do Brasil que disponibilizou recursos para preservação de nascentes no município. A Fundação doou ferramentas e insumos para recuperação de 22 nascentes. O trabalho teve 80% de efetividade.

“A nossa vida e o nosso negócio dependem disso”, disse o empresário, que tem uma pequena agroindústria onde produz sorvetes com sabores de frutas da região, pães artesanais e também trabalha com piscicultura, na criação e processamento de tilápias.

Reflorestar, marco em nível nacional

Das ações governamentais para a preservação ambiental da região, Marcelo aponta o Projeto Reflorestar, como um marco em termos de políticas públicas, não só no Espírito Santo, mas em nível nacional. Entretanto, sugere que os proprietários deveriam aderir mais ao programa.

“Nem todos os proprietários entendem esta iniciativa de preservação, mas agora está sendo implantado de forma bem mais difundida através da mídia e dos fóruns”, disse.

Para ele, a segunda etapa do programa, que estimula a construção de pequenas barragens para a reserva de água nas propriedades, foi uma medida acertada do governo estadual. “O proprietário que se dispõe a preservar tem que ter um incentivo financeiro. Água é vida”, sacramentou.

Saneamento é prioridade

Ainda segundo o empresário, outra questão que deve ser prioritária para a região é o saneamento básico. Ele acredita que o tratamento de 100% do esgoto residencial e industrial no Caparaó traz benefícios para todo o sul capixaba e pode deixar o turismo local mais atrativo.

“O tratamento de esgoto deveria ser prioridade, as cidades crescem e o trabalho tem que ser constante. Jerônimo Monteiro, por exemplo, foi pioneiro nessa questão de tratamento no Espírito Santo, mas ainda é feito dentro da cidade, que cresceu. Temos que continuar melhorando”, frisou Simonato.

2º Fórum Caparaó sustentável

O município de Jerônimo Monteiro vai sediar, no dia 22 de maio, o 2º Fórum Caparaó Sustentável (FCS), que será realizado no Auditório do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Ufes, das 13h00 às 19h00.

O evento pretende lançar luz a duas questões vitais para o desenvolvimento do Caparaó Capixaba: turismo e saneamento, atividades que se completam quando se quer elevar o padrão de vida local e incrementar os negócios nas fronteiras montanhosas ao sul do Espírito Santo, com responsabilidade ambiental.

O FCS está sendo trabalhado com parcerias envolvendo várias instituições públicas e privadas, liderada pela Prefeitura de Jerônimo Monteiro, pelo Consórcio Intermunicipal do Caparaó e pelo Portal de Notícias 24 Horas.