O Quilombo Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim-ES, sedia atualmente dois projetos de valorização e difusão de seu patrimônio cultural e histórico: o Caxambu na Escola do Quilombo e o Ponto de Memória Quilombola. Os dois projetos têm como objetivo, basicamente, difundir e reforçar as raízes dos moradores do local, suas tradições seculares e sua história.
Por meio do Caxambu na Escola, os alunos de Educação Básica da EMEB Monte Alegre participam quinzenalmente de uma roda de conversa com as mestras de caxambu da comunidade: Maria Laurinda Adão, Adevalmira Adão Felipe, Geralda Nogueira Calixto e Neuza Gomes Ventura. Todas integram o grupo de caxambu Santa Cruz – certificado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial do Brasil – e transmitem às crianças os seus saberes, explicando sobre o surgimento e o funcionamento do caxambu. A roda de conversa termina ao som dos tambores e das palmas, quando as crianças se juntam às mestras para cantar e dançar.
Em seguida, ocorre um encontro dos moradores mais experientes do quilombo: é o Ponto de Memória Quilombola. Por meio desse projeto, os idosos locais compartilham suas vivências e as lições que a experiência de vida os ensinou, memórias que posteriormente serão transformadas em livro para transmissão aos mais jovens da comunidade. “Nem sempre os jovens podem parar pra ouvir nossas histórias. Então esse é um jeito da gente ficar mais perto deles e contar um pouco do que a gente sabe”, comenta dona Geralda Nogueira.
As duas iniciativas contam com a participação da contadora de histórias Maria Elvira Tavares Costa. “Comunidade Quilombola de Monte Alegre: encrustada na Floresta Nacional de Pacotuba, ali se preservam tradições ancestrais, intocadas; origem de nossa Cultura, memória dos nossos povos originários, vindos da África. Há que preservar, mas, antes de tudo, é preciso conhecer e reverenciar. Sem raízes, nenhuma árvore se mantém de pé! Seguimos como meros jardineiros, em busca de limpar o terreno, retirar ervas daninhas, regar, adubar… e aplaudir o florescer!”, declara Maria Elvira.
Os projetos são coordenados pela Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense – entidade sem fins lucrativos que desenvolve inúmeros projetos de valorização da cultura capixaba no sul do estado desde 2000 – e têm o apoio financeiro do Funcultura, da Secretaria de Estado da Cultura – Secult, por meio dos editais 8/2021 (Seleção de projetos e concessão de prêmio para valorização dos patrimônios imateriais reconhecidos e registrados no Estado do Espírito Santo) e 9/2021 (Seleção de projetos culturais setoriais e concessão de prêmio para pontos de memória).