Após cinco anos de pesquisa em laboratório e visitas a jazidas de mármore instaladas no Espírito Santo, a Samarco, mineradora localizada no maior estado exportador de rochas ornamentais do país e maior produtor de pelotas do Ocidente, descobriu uma forma inovadora de utilizar o mármore para melhorar a qualidade das pelotas e reduzir o impacto socioambiental do processo produtivo.
O estudo de viabilidade para transformar resíduos de rochas em coprodutos para uso como insumo na pelotização foi iniciado em 2018, pela mineradora. Ele foi motivado por visita técnica de um grupo de empresários do setor de rochas, ligados ao Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Estado do Espírito Santo (Sindirochas), à sede da multinacional, localizada em Anchieta – ES. Desde então foram realizados vários testes com resultados positivos para utilização do coproduto de mármore como alternativa complementar ao calcário, que atua como fundente e corretor de basicidade nas pelotas. A prática tornou a Samarco pioneira em uma ação inovadora em prol do desenvolvimento sustentável.
No início deste ano a mineradora iniciou a produção de pelotas com esse insumo. Atualmente 30% das pelotas produzidas pela Samarco possuem coproduto de mármore. Desde a homologação do coproduto de mármore, foram adquiridas mais de 21 mil toneladas do material. A iniciativa contribui ainda para redução da disposição desse resíduo.
“A implementação dessa inovação na fabricação de pelotas de minério de ferro é um marco significativo para o setor de rochas capixaba e representa uma grande conquista para a economia circular local. Essa iniciativa demonstra o potencial de transformação dos resíduos de rochas em produtos de qualidade, trazendo benefícios tanto ambientais quanto econômicos”, afirmou o presidente do Sindirochas, Ed Martins. Ele também lembrou que o estudo começou a ser desenvolvido na gestão do empresário e, atualmente, vice-presidente da entidade, Tales Machado.
“Esta é uma pauta antiga do setor de rochas que, em nenhum momento, foi deixada de lado. E mesmo agora, com esta descoberta, só renovou o nosso fôlego para continuarmos firmes em nossos projetos de evolução sustentável. Ganha o Espírito Santo, mas também todo o setor de rochas nacional. Ao reaproveitar os resíduos das jazidas e transformá-los em matéria-prima valiosa, estamos fechando o ciclo de produção e promovendo um uso mais eficiente dos recursos naturais”, completou Tales que ainda atua como presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas).
Inovação e sustentabilidade
Idealizador do estudo sobre a possibilidade do uso de resíduos de rochas ornamentais na produção de pelotas, o diretor de operações da Samarco, Sérgio Mileipe, propôs o desafio para a equipe em 2018. “Inovamos em uma prática que consiste na utilização de um insumo na produção de pelotas, que irá contribuir significativamente para redução do volume de resíduos no setor de rochas. Esse projeto é uma oportunidade para praticarmos o nosso propósito de fazer uma mineração diferente, mais segura e sustentável, que gere resultados, mas que acima de tudo contribua para a preservação do meio ambiente”, ressaltou.
A engenheira de processo da Samarco, Ana Maria Bailon, apontou que entre os benefícios do uso do coproduto do mármore está a redução na emissão de CO2. “Os benefícios são vários, como impactos positivos na qualidade da pelota e redução da emissão de dióxido de carbono e do consumo de combustível, garantindo a tranquilidade para trabalhar com o insumo. É muito inovador. São dois insumos 100% sustentáveis que a gente conseguiu implementar”, destacou.
Sustentabilidade em pauta
Em reunião recente com o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, o setor de rochas capixaba deu mais um passo na viabilidade do uso regulamentado do FIBRO (Fino do Beneficiamento de Rochas Ornamentais). O termo é a denominação estabelecida para os resíduos produzidos pelas indústrias do setor, quando do processo de beneficiamento das rochas ornamentais. O Sindirochas busca alternativas para que o FIBRO possa ser utilizado de maneira normatizada e não apenas em casos excepcionais. A regulamentação possibilitará maior segurança aos técnicos envolvidos na análise e liberação dos projetos que envolvam o saudável aproveitamento do resíduo gerado pelo segmento.