Área de 100 mil m², onde seria construída um hotel de luxo, agora vai ser repassada ao Instituto da Mata Atlântica, que irá ampliar laboratórios e construir um ecoparque, com finalidade de lazer e socialização para as famílias teresenses e turistas, além da preservação ambiental
Uma boa notícia para a população de Santa Teresa e para os turistas que visitam o município. Foi sancionada a Lei nº 11.969, de autoria do deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), que autoriza o Poder Executivo a doar uma área de 100 mil metros quadrados, no início da cidade, ao Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma), mesma instituição que administra o Museu de Biologia Professor Mello Leitão.
Na área está localizado o Parque Temático Augusto Ruschi e funcionava a antiga residência de inverno do governador.
“Essa é uma vitória conquistada a várias mãos. O meu trabalho em parceria com o Movimento Salve o Parque foi fundamental. O Sesc desistiu de construir um hotel de luxo com 280 apartamentos no local. Para isso, fiz duas audiências públicas e ouvi a população teresense”, contou Gandini, que no ano passado presidiu a Frente Parlamentar de Conservação da Biodiversidade Capixaba.
Mas a tarefa não foi fácil. O parlamentar teve, inicialmente, de pedir a revogação da legislação anterior que doava o terreno para o Serviço Social do Comércio (Sesc). Antes, nas audiências públicas, a população teve de decidir se era favorável à construção do hotel ou à manutenção do parque.
Com a desistência do Sesc de construir o hotel, Casagrande seguiu a vontade popular e, após a decisão da Assembleia Legislativa de aprovar a lei de Gandini, o terreno será doado ao Inma. O objetivo do instituto é ampliar laboratórios e manter protegida a área de proteção ambiental.
ECOPARQUE
De acordo com o Inma, o terreno onde está localizado o Parque Temático Augusto Ruschi e a antiga residência de inverno do governador também deverá abrigar um ecoparque com trilhas ecológicas sinalizadas, QR Code (código de barras que pode ser escaneado por celular) nas árvores, espaço interativo para estudantes, mirante de observação de aves, um local para eventos e uma área de piquenique para as famílias de Santa Teresa.
A transferência do terreno para o instituto deve pôr fim a uma briga que já dura mais de uma década. Há um ano iniciou a mobilização do Movimento Salve o Parque, coordenado por Carmen Barcellos, contra o projeto de construção de um hotel de luxo no terreno.
Originalmente, a área foi doada ao Estado por Aurélio Gramlich, para que fosse preservada e servisse ao bem público, com a construção de um parque natural e residência de inverno do governador.
Em 2010, no primeiro mandato de Paulo Hartung, no entanto, houve a mudança do destino da área, que foi doada para o Sesc para a construção do grande hotel, com 280 apartamentos, parque aquático, estacionamento para 2 mil veículos e centro de convenções para 1,5 mil pessoas. Um investimento que ficaria na casa dos R$ 35 milhões.
Na época, estava em vigência a cessão da terra ao município por um prazo de 25 anos. Mas, apenas cinco anos após o acordo, o ex-governador pediu a devolução do espaço ao Estado.
Na ocasião, já havia sido iniciada a construção do Parque Temático Augusto Ruschi ou Parque Ecoturístico de Santa Teresa, com o uso de recursos federais e municipais na casa de R$ 1 milhão. O parque chegou a ser inaugurado em 2012, mas nunca foi plenamente utilizado pela população.
Em 2013, um grupo de ambientalistas impetrou uma ação popular questionando a doação e consequente extinção do parque temático. Na primeira sentença judicial, foi autorizada a construção do hotel, mediante o compromisso do Sesc em manter o parque funcionando e aberto à população.
Como o presidente da Fecomércio, Idalberto Moro, informou ao governador Renato Casagrande que desistiu do projeto de construção de um hotel do Sesc em Santa Teresa, a área será devolvida. A justificativa dada foi que a prioridade do Sesc não é a abertura de novos quartos de hotel, mas investir em equipamentos culturais e sociais.
“Com a sanção da lei é a população de Santa Teresa e os turistas que sairão ganhando porque contarão com a manutenção de uma área privilegiada no início da cidade (ecoparque) voltada para a preservação ambiental, tecnologia e educação ambiental, além do turismo”, comemorou Gandini.