Especialistas explicam o que fazer durante as crises, os cuidados com a alimentação e o tratamento adequado
A sensação de tontura persistente pode ser um sintoma de várias doenças e o acompanhamento médico é fundamental para um diagnóstico correto. Frequentemente, essa sensação de instabilidade e perda de equilíbrio logo é associada pelos pacientes às vertigens e labirintites, mas as razões para o mal-estar podem ir muito além.
A labirintite é uma inflamação no labirinto, uma estrutura interna do ouvido, que ajuda na audição e no equilíbrio. O sinal mais conhecido da labirintite é a vertigem, quando a pessoa sente que tudo ao seu redor está se movimentando. Além disso, podem ocorrer também náuseas, suor excessivo, perda da audição, desequilíbrio e zumbido. Mas, o otorrinolaringologista da Unimed Vitória Giulliano Luchi ressalta que nem toda tontura é labirintite e chama a atenção para os principais riscos.
“Além dos riscos relacionados à doença que causou tontura, situações graves podem iniciar o quadro com tontura, como doenças degenerativas e Parkinson que pode, também, abrir o quadro seguido de doenças degenerativas musculares”.
Já o neurologista da Unimed Vitória Paulo Rosa explica que existem inúmeras doenças neurológicas e situações clínicas que podem causar tontura, desde a fome (hipoglicemia), gravidez, hipertensão arterial e até tumores cerebrais.
“Quando há problema em alguma estrutura que interfere no processamento do movimento corporal, o sintoma da tontura pode estar presente. Essas estruturas incluem várias partes do sistema nervoso, podendo destacar áreas relacionadas ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) de artérias da circulação na parte de trás do cérebro que, muitas vezes, é confundido com labirintite; algumas formas de esclerose múltipla, que é uma doença inflamatória e acontece, principalmente, em jovens, sendo caracterizada por episódios neurológicos que ocorrem na forma de surtos e melhoram espontaneamente. Além disso, existem doenças genéticas que podem ter a tontura como principal sintoma e doenças associadas a outros distúrbios do movimento, como epilepsia e alterações psiquiátricas”.
Segundo Giulliano, alterações hormonais também precisam ser investigadas em casos de tonturas. Ele destaca ainda que pacientes que sentem frequentemente este sintoma estão mais sujeitos a sofrer acidentes, como quedas, atropelamentos e perda de controle na direção de veículos.
O que fazer ao sofrer uma crise de tontura
O primeiro ato que o paciente deve fazer é sentar-se em uma cadeira ou se estiver na rua deve se sentar no chão para evitar a queda e um trauma maior pela tontura.
Em seguida, deve-se pedir ajuda e encaminhar a pessoa ao pronto-socorro, a fim de descobrir se a tontura representa o primeiro sinal de um quadro mais grave. Após o atendimento será possível descobrir se a causa dos sintomas é de origem central ou periférica.
“A tontura de origem central deve ser avaliada e conduzida por um neurologista. Já a tontura de origem periférica deve ser acompanhada por um otorrinolaringologista. O ideal, em alguns casos, é que o paciente busque esses dois especialistas para fazer um acompanhamento mais preciso e uma condução mais adequada”, indica Giulliano.
Cuidados com a alimentação
A alimentação pode influenciar as tonturas de origem labiríntica. Alimentos ricos em açúcar e substâncias estimulantes, além de carboidratos simples, quando consumidos em excesso, podem ser um gatilho para essa situação. Épocas festivas, como a Páscoa, quando se come mais doces, sempre são situações de risco, pois as pessoas se alimentam em um ritmo fora do habitual”, alerta o médico.
Tratamento
Giulliano explica que o tratamento depende da causa e adianta que em casos relacionados à alteração hormonal será necessário fazer uma compensação.
“Existem pacientes que desenvolvem alterações labirínticas por estresse emocional e físico. A crise é um sinal de que o organismo está desequilibrado. É comum o médico pedir para o paciente seguir uma dieta, fazer atividades físicas regulares e usar medicações para quadros agudos (somente para crise ou medicações de uso mais prolongado), evitando crises em determinados momentos. Antes de orientar o tratamento, o médico deve fazer uma bateria de exames com o objetivo de definir precisamente o tipo de alteração que o paciente apresenta e orientá-lo no tratamento adequado”.