De acordo com o gestor estadual da Saúde, Nésio Fernandes, 35% da população capixaba recebeu uma dose da vacina e 12% está com a imunização completa
Vacina, sim! O avanço na imunização dos capixabas contra a Covid-19 foi destaque na prestação de contas do secretário estadual da pasta, Nésio Fernandes de Medeiros Júnior, em audiência pública da Comissão de Saúde, realizada em formato virtual na sexta-feira (25).
De acordo com dados apresentados e tendo como referência o dia 23 de junho, 35% da população capixaba recebeu uma dose da vacina e 12% está com a imunização completa, já tendo recebido a segunda dose. Atualmente, o Espírito Santo possui 98% da população idosa com a primeira dose da vacina. “Estamos fazendo um trabalho ativo, por mensagem de celular, para chamar os capixabas para a segunda dose”, contou o secretário.
Outra novidade apresentada pelo gestor estadual de Saúde é que a predominância da Covid-19 no estado é da cepa original e não da cepa conhecida como P1 (variante brasileira que já é predominante em várias unidades da federação e que, segundo apontam estudos, seria mais contagiosa).
Segundo Nésio, a secretaria trabalha para alcançar a população com mais de 30 anos com a primeira dose já nos meses de julho e agosto. “Hoje o principal risco para a estabilidade e queda da contaminação é a não adesão das medidas de proteção, como o uso de máscaras e o distanciamento social. A imunização está avançando, mas é necessário seguir com todos os cuidados para evitar a contaminação”, orientou.
Segundo o Painel Covid-19 que mapeia a doença do país, no Espírito Santo são 512.485 casos confirmados, 11.369 óbitos e 486.417 pacientes curados. Para o gestor, a vacina é o principal recurso para superar a pandemia.
“Nossas equipes estão trabalhando em três turnos e com uma capacidade de vacinação que merece destaque. Meu reconhecimento a todos os gestores de saúde dos municípios capixabas e servidores. Se hoje temos um destaque nacional, sempre entre os cinco que mais vacinam, é porque temos um trabalho conjunto baseado na ciência, na imunização por meio da vacina”, disse Nésio.
Durante a prestação de contas, o gestor também abordou outros assuntos, como a situação orçamentária, as principais entregas da pasta e a cobertura vacinal infantil. A prestação de contas tem como referência o primeiro quadrimestre de 2021.
Orçamento
Do orçamento utilizado para despesas com saúde pública no primeiro quadrimestre de 2021, 63,3% dos recursos são estaduais. A União contribuiu com 24,2%. O restante é proveniente de outras fontes, como a própria contribuição do município. Os dados, destacou Nésio, demonstram a necessidade de maior aporte federal para a área.
“O Espírito Santo aplica 14,4% do orçamento global na saúde, mais do que os 12% exigidos pela lei. Para se ter uma ideia, a cada quatro reais utilizados este ano para o enfrentamento da Covid-19, três são dos recursos estaduais e apenas um proveniente da União. Não tivemos para 2021 uma programação de aporte robusto de recursos federais. Esse cenário gera grandes impactos para a área”, explicou o secretário.
Atenção básica
Uma das prioridades da gestão é a Estratégia Saúde da Família (ESF). A proposta é uma reorganização da atenção básica, com foco na prevenção de doenças e tratamento precoce. De acordo com o balanço da Sesa, a cobertura da ESF aumentou no Espírito Santo e segue em expansão. Em dezembro de 2017, a cobertura alcançava 58,1% do estado. A previsão é de que o primeiro semestre de 2021 consolide uma cobertura de 76% do território capixaba.
“Será um marco na saúde pública do Espírito Santo. É uma mudança de um modelo centrado na doença para uma gestão da saúde baseada na prevenção com capilarização para todas as regiões do estado”. Nésio destacou ainda que, nessa perspectiva, pelo menos 85% das demandas de saúde podem ser resolvidas na atenção básica.
Cobertura vacinal
A Sesa apresentou melhora nos números relacionados à cobertura vacinal infantil do estado. Comparando o primeiro quadrimestre de 2020 e 2021, a vacinação contra a poliomielite aumentou de 67% para 75%; a vacina tríplice viral, de 67% para 73%; a vacina pneumocócica (que previne casos graves de pneumonia), 68% para 74%; e a pentavalente, 72% para 75%.
“Infelizmente precisamos falar sobre os movimentos antivacinas, que atuam contra o conhecimento científico e acabam gerando algum impacto na adesão às campanhas em determinado momento. Precisamos superar esse negacionismo e já estamos apresentando melhoras com relação a isso. Não chegamos ao nosso objetivo, que é ser o estado com os melhores números de cobertura vacinal do país, mas estamos no caminho”, disse o gestor.
Principais entregas
Entre os projetos em andamento na Sesa, Nésio destacou a conclusão do Hospital Estadual São Lucas (novo pronto socorro, heliponto e estacionamento); a fase final de conclusão da Maternidade de São Mateus (com 33 novos leitos materno-infantis); a fundação concluída para a construção do Hospital Geral de Cariacica; e a ampliação de 147 novos leitos no Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em licitação.
Destaque também para o complexo de saúde para a região norte do estado. A Sesa trabalha na captação de recursos para o financiamento dessa obra. A estrutura terá 260 leitos, um centro regional de especialidades, farmácia cidadã e hemocentro regional.
Outra novidade é o “Melhor em Casa”, serviço de atendimento domiciliar que ainda não existia no Espírito Santo. Atualmente são oito equipes habilitadas para atuar em quatro municípios (Cariacica, São Mateus, Vitória e Serra). A secretaria, porém, trabalha com ampliação para 30 equipes até 2022. “Cada equipe pode dar assistência a até 60 pacientes. É um projeto que reduz demanda por atendimento hospitalar e o período de internação a partir da humanização do cuidado”, explicou Nésio.
Aedes aegypti
A Sesa registrou queda vertiginosa nos casos e nos óbitos por dengue, zika e chikungunya no Espírito Santo. No caso da dengue, foram quase 45 mil casos confirmados em 2020 e 11 óbitos pela doença. Até o momento, em 2021, a Sesa registrou quase cinco mil casos e nenhuma morte decorrente do vírus.
“Temos uma forte tendência de queda na notificação de dengue. Ainda estamos avaliando o que esses dados significam de fato dentro de um contexto de pandemia do Sars-CoV-2 e suas diferentes cepas”, salientou.
No caso da chikungunya, o Estado enfrentou um surto da doença no ano passado, com mais de 15 mil casos notificados. Em 2021, foram registrados 1.459 casos. Já no caso da zika, o ano passado teve pouco mais de 1,5 mil casos. Este ano são 449 registros da doença. Os números, segundo a Sesa, apontam para a redução da incidência dessas doenças para o ano de 2021.
Tratamento Fora do domicílio (TFD)
Antiga demanda da Comissão de Saúde, Nésio falou também sobre o Tratamento Fora de Domicílio (TFD). Esse recurso é utilizado por pacientes que não encontram tratamentos específicos na rede pública do estado onde moram. Nesses casos, paciente e acompanhante têm direito à ajuda de custo para transporte e hospedagem. Os valores insuficientes e a burocracia para acesso a esse direito são demandas antigas de capixabas que necessitam desse recurso.
“Esse foi um compromisso que nós fizemos na última prestação de contas. Estamos no processo de revisão do TFD, com um levantamento da demanda atual e da capacidade da nossa rede. No final de julho vamos publicar a regulamentação, já com novos valores de diárias e com uma revisão do processo”, anunciou.