O ativista cultural Guilherme Nascimento (PSOL) anunciou oficialmente a retirada de sua pré-candidatura a prefeito do município de Marataízes. Ele revelou que está deixando a disputa por ter enfrentado pressão psicológica, ameaças e ofensas por parte de apoiadores de outros pré-candidatos, além de ataques nas redes sociais.
“Eu tive que bloquear diversas contas nas redes sociais por causa dos ataques. Uma mulher chegou a ligar dizendo que acabaria com minha empresa e minha pré-candidatura porque eu só tinha ‘artistas vagabundos e gente do reggae, que não era de Deus’. Outra pessoa veio até minha casa ameaçando que sua irmã, uma pessoa influente, estava investigando minha vida. Nunca vi essas pessoas, provavelmente foram pagas para me intimidar”, conta Guilherme.
Além dos ataques, Guilherme também alegou motivos profissionais para deixar a pré-candidatura. Presidente municipal do PSOL em Marataízes, Guilherme também é produtor cultural e gestor da Casa Roxa, um espaço fundado por ele há 10 anos. “O segundo semestre de 2024 está repleto de atividades culturais na Casa Roxa, coincidindo com o período eleitoral”, pontuou.
A pré-campanha do ativista tinha como vice-prefeita uma candidata indígena e duas candidaturas jovens à Câmara Municipal. Ele argumenta que este fato incomodou os adversários.
“Um jovem LGBT, oriundo de uma família humilde, desafiando os grandes coronéis da política local e competindo contra uma rede de políticos de carreira e grandes empresários. Esse cenário despertou muito ódio e revelou o preconceito e a intolerância enraizados na sociedade local. Nossa pré-candidatura serviu para mostrar um retrato da cidade, alertando as pessoas para esse triste raio-x”, disse.
A página oficial de Guilherme e do PSOL Marataízes nas redes sociais ocultou todas as publicações da pré-candidatura e segue denunciando as postagens e as manifestações que considera criminosas. Algumas mensagens diziam: “Você deveria sair da cidade”, “Essa pré-candidatura é uma vergonha”, “Pré-candidatura do aborto e das drogas”, “Apoiador do Hamas e do MST”.
No que diz respeito à eleição de 2024 em Marataízes, ele argumenta que o PSOL vai adotar uma posição crítica, reconhecendo que as candidaturas restantes não refletem a visão progressista e inclusiva que o partido defende. No entanto, reafirma o compromisso com o diálogo e a colaboração para melhorar a qualidade das políticas públicas municipais.
“A Casa Roxa e seus apoiadores adotarão um posicionamento proativo em relação às eleições, apresentando uma carta de intenções aos pré-candidatos à prefeitura. A principal reivindicação será a independência da Secretaria de Cultura em relação ao Turismo, garantindo políticas públicas específicas para a cultura e a captação de recursos necessários. Nosso posicionamento é claro: queremos uma gestão cultural independente e eficiente. Vamos cobrar compromissos reais dos futuros gestores”, alertou Guilherme.