por Wanderley Moraes
Ingenuamente eu achei que poderia fazer a diferença, que, apesar dos pesares, os Poderes andariam unidos em prol da população. Pelo menos em uma cidade pequena como a nossa (Guaçuí), era a realidade que eu esperava.
Mas não demorou pra perceber que é a vontade de uns poucos que se sobrepõe à vontade da maioria. Eu vi isso naquela época e vejo isso agora. Meu foco sempre foi a saúde. A implementação do consultório oncológico no município foi o fator decisivo para que me decidisse. Se não tinha voz como povo, talvez tivesse como vereador… não obtive sucesso, nem naquela época, nem agora.
Eu ainda fico me perguntando o porquê. Como pode aquele que tem a caneta na mão, que tem o poder para executar, melhorar a vida e aplacar o sofrimento daquele que mais necessita, se nega a fazê-lo? Como pode a saúde não estar em primeiro plano?
Sabe o que é ter um paciente com alta ocupando um leito que seria destinado ao um paciente grave, na fila de espera, porque o prefeito decretou que todos os órgãos da Prefeitura só funcionassem até o meio dia e por isso não havia ninguém que atendesse o telefone e providenciasse um carro pra ir buscar esse paciente? Eu sei, eu vi.
Não estou perseguindo servidores, secretários, prefeito, mas a saúde pública é um organismo vivo e todos os membros devem funcionar em sincronia ou pessoas sofrem, ou danos não poderão ser revertidos.
Façam um exercício de empatia, se coloquem no lugar do outro e depois respondam se concordam com as decisões tomadas por aqueles que vocês elegeram, se os motivos apresentados se justificam.
Imaginem que depois de se consultar no postinho, ter a receita para os medicamentos que precisa e ter que esperar até o outro dia, porque a farmacinha também fecha ao meio dia e você não conseguiu chegar a tempo, e ainda ter que ouvir que quem reclama desse horário é gente preguiçosa, que gosta de acordar tarde.
Como se o mundo inteiro só funcionasse pela manhã, como se ninguém precisasse fazer o almoço ou tivesse com quem deixar os filhos, independente do horário.
Façam esse exercício e lembrem-se de como se sentiram, lembrem-se de quem tomou a decisão, de quem lavou as mãos, de quem se calou e, principalmente, de quem defendeu o fechamento.
Lembrem-se, quando baterem na sua porta, entrarem na sua casa, sorrirem afetuosamente e te escutarem enquanto se revoltam com a sua revolta. Mostre que você não é importante só de 4 em 4 anos, não se deixem enganar.
Wanderley Moraes é vereador em Guaçuí