Meu pai não teve muita instrução acadêmica, cresceu na roça e nunca frequentou escolas, mas também nunca precisou estudar ética e honradez na escola, pois isto para ele era uma coisa natural.
Quando velhinho às vezes extrapolava nos seus direitos de ser chato ou implicante, mas eu tenho trinta anos menos que ele e me surpreendo com minhas atitudes parecidas com as dele, algumas até mesmo mesquinhas em muitas situações.
Pais não são perfeitos, assim como filhos nunca o são, e me amedrontava o dia em que não pudesse ter mais a sua presença, mesmo que impertinente com as coisas (falar mal do Botafogo ou do Ferraço nem pensar, discutir religião também). E essa hoje sentida ausência às vezes me amedronta e peço a Deus que cuide dele onde estiver.
Lembranças ficaram muitas, algumas marcantes em minha infância, quando comprou um livro de francês que custava uma parte considerável de seu salário para depois me cobrar boas notas na escola, às vezes com alguns cascudos.Era assim meu pai e disso me orgulho muito. Nunca transferia para outros suas obrigações ou responsabilidades.
Na verdade não existe uma receita pronta para a paternidade, mas a marca deixada por essa condição é inerente a nossa vontade e vai nos acompanhar para sempre. Que saibamos lidar com isso de forma amorosa e equilibrada nessa época de grandes desafios nas relações familiares.
Não dá pra ser pai herói todos os dias, mas certamente dá pra ser pai…